O mundo se despedaça

por | 07/03/2020 | Resenhas | 0 Comentários

Autor(es): Chinua Achebe

Lançamento: 1958
livro sobre uma superfície de madeira. capa predominantemente amarela com um perfil de um africano estilizado, com um sombreado sobreposto, com as cores vermelha, marrom e verde.

O mundo se despedaça, da TAG. Foto: Edson Ikê, ilustrador e designer desta edição

 Provisoriamente, conteúdo do Instagram

“O mundo se despedaça” (1958), romance de estreia de Chinua Achebe, é considerada sua obra-prima. É um marco da literatura africana do século XX e precursor da moderna literatura nigeriana.

“Toda a gente conhecia Okonkwo nas nove aldeias e mesmo mais além. Sua fama assentava‐se em sólidos feitos pessoais.” Assim começa a narrativa que acompanha a vida de Okonkwo, um campeão de luta local, do clã ficcional Umuofia, do povo Igbo. Ele é um dos principais opositores ao trabalho dos missionários religiosos que contraria as tradições de seus antepassados. Um mundo, até então, fechado ao estrangeiro, começa a enfrentar a ameaça de desintegração da cultura com a chegada dos europeus. Nasce uma nova sociedade, opressiva e conflituosa, com uma nova forma de governo, um Deus único, escolas e instituições reguladoras.

Um ponto marcante é a voz nativa, cheia de padrões de fala e provérbios nigerianos, que examina os efeitos do colonialismo sob a perspectiva africana, confrontando a concepção errônea de uma África culturalmente atrasada e primitiva, construída pela visão exterior perplexa, paternalista, racista ou fantasiosa.

detalhe da luva do livro, em cor laranja, com desenhos tribais em amarelo

Detalhe da luva do livro “O mundo se despedaça”, da TAG. Foto: Edson Ikê, ilustrador e designer desta edição

O livro é literatura básica escolar em toda a África e amplamente estudado na Europa e Estados Unidos como fundamental para compreender o processo de colonização, a opressão do estrangeiro, a transmissão de valores, sobretudo religiosos, e a instauração das instituições ocidentais no continente.

A obra, em verdade, compõe uma trilogia, juntamente com “A paz dura pouco” (1960) e “A flecha de Deus” (1964), que começa no período pré-colonial e segue até o fim do império.

A obra foi escrita em inglês e Achebe defende a decisão pelo fato do idioma Igbo ter inúmeros dialetos de tradição oral e a complicada forma escrita ter sido imposta por lei pelos missionários anglicanos.

O título da obra é um verso de um poema de W. B. Yeats, O segundo advento (1920).

A Enciclopédia Britânica coloca a obra de Achebe entre os 12 maiores romances já escritos.

 

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Mariana Gago

Advogada e entusiasta do papel transformador dos livros. Idealizadora e editora do projeto Recanto da Literatura.

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